Crítica: Lil Pump — Harverd Dropout

Rahif Souza
3 min readMar 2, 2019

--

Ano: 2019
Selo: Warner Music Group
Produção: Diablo
Faixas: 16
Nota: 3

Se idade é sinônimo de maturidade, talvez isso possa explicar o que é Harverd Dropout, o primeiro LP do rapper Lil Pump. Depois de lançar a sua mixtape autointitulada Lil Pump (2017), o artista de 18 anos aparece com um disco que expõe a imaturidade e as nuances de uma mente adolescente, ao focar em basicamente três coisas: carros, mulheres e drogas, algo que remete ao hip hop do período bling bling nos anos 2000.

O título de Harverd Dropout faz referência a uma série de tweets, que traziam o suposto fato de que Lil Pump desistiu da Universidade de Harvard para “salvar” a cena do rap (apesar do mesmo não possuir idade para ingressar na faculdade). A temática é o pontapé inicial da narrativa do álbum, e suas faixas acabam demonstrando parcialmente como é a vida de um jovem que explodiu repentinamente (especialmente com a faixa I Love It, canção presente no disco e que conta com a participação de Kanye West), se tornando uma das pessoas mais famosas da internet.

Há poucos pontos positivos em Harverd Dropout; I Love It é um desses pontos, com o flow encaixado, em um dos momentos que o álbum apresenta beats diferenciados do restante das faixas, com mais ritmo e ganchos; Be Like Me, com o seu incansável refrão, sintetizadores caóticos e as rimas sempre acertadas de Lil Wayne também roubam a cena. ESSKEETIT, na parte final do álbum, também dá alguma sobrevida ao trabalho, no melhor instante solo de Lil Pump: versos bem encaixados e um pouco mais de variação no instrumental.

Ademais, Harverd Dropout é pobre demais em qualidade sonora; a produção de Diablo é polida, mas com pouquíssima variação nos teclados com sintetizadores, e a sensação é de que estamos escutando sempre a mesma faixa, já que, além de curtas, elas são extremamente semelhantes umas com as outras. Isso acaba rebaixando demais o nível do álbum, que já é sofrível nas suas composições; essa questão é exemplificada em versos como os de Butterfly Doors (“Smokin’ on dope, Damn/They Call Me Yao **** ’cause my eyes real low, low”), ou os encontrados em Fasho Fasho (“Don’t pay for pussy fasho’ fasho’/No I don’t want her, she ugly and broke”). Muito mais do que problemáticas, as letras são repetitivas e entediantes.

Lil Pump é só um dos exemplos de uma geração de trappers medianos, que são mais reconhecidos pelo que falam do que pelo que entregam como música. Apesar disso, o rapper da Flórida tem qualidades que podem ser aproveitadas, como a capacidade cada vez maior de rimar acompanhando os beats (que é notado nos melhores momentos de Harverd Dropout). Resta saber se o tempo trará sabedoria para que o cantor aproveite isso, e evolua naquilo que mais importa: na questão musical.

--

--

Rahif Souza

Estudante de Letras na UNIFESP, ama música e futebol. Nas horas vagas escreve críticas musicais e maratona animes. e-mail: rahifsouza92@gmail.com